No topo da primeira montanha

O objetivo da vida é subir na hierarquia das necessidades e alcançar a autorrealização e a autossatisfação. Ao fazer sua própria jornada pessoal, você aprende a expressar melhor seu eu único. Aprende a entrar em contato consigo mesmo, encontrar-se e viver de modo autêntico com quem realmente é. A principal fonte de autoridade está dentro de nós, basta ouvir a voz autêntica do Oráculo Oculto, permanecer fiel aos seus sentimentos e não se conformar com os padrões da sociedade corrupta externa.

A privatização do significado:

É um erro simplesmente aceitar as ideias recebidas do mundo à sua volta. Você precisa criar seus próprios valores, sua própria visão de mundo.

 AS DUAS MONTANHAS

Liberdade está o direito de definir o próprio conceito de existência, de significado, de Universo e do mistério da vida humana.”

Não é trabalho das escolas, das comunidades ou mesmo dos pais criar uma ordem moral compartilhada. É algo que você deve fazer sozinho, e quem é você para julgar se a moral de outra pessoa é melhor ou pior do que a de qualquer outra?

O sonho da liberdade total:

Em outras culturas, as pessoas são formadas e prosperam dentro de instituições que precedem a escolha individual — família, herança étnica, fé, nação. Mas elas são exatamente os tipos de instituições que a cultura do individualismo devora, pois não são escolhidas e, portanto, não parecem tão legítimas. Em uma cultura individualista, a melhor vida é a mais livre. A formação espiritual acontece em liberdade, não de maneira obrigatória.

A centralidade da realização:

 Em uma sociedade hiperindividualista, as pessoas não são avaliadas por como obedecem a um código moral compartilhado. Não são avaliadas pelo quanto imergiram em relacionamentos substanciais. Elas são avaliadas pelo que realizaram individualmente.

O status, a admiração e ser amado vem depois da realização pessoal. O egoísmo é aceito, porque cuidar e promover a si mesmo é a missão principal. Não tem problema ser centrado em si mesmo, pois, em uma sociedade estruturada adequadamente, o egoísmo privado pode ser aproveitado para produzir bens públicos, como o crescimento da economia. Pesquisadores da Harvard Graduate School of Education perguntaram recentemente a 10 mil alunos de ensino fundamental e médio se seus pais se preocupavam mais com realizações pessoais ou se eram bondosos. Oitenta por cento disseram que seus pais se preocupavam mais com realizações pessoais — o sucesso individual antes dos relacionamentos.

Poderíamos acrescentar outras ideias à minha lista de características de uma cultura de sociedade hiperindividualista: o consumismo, uma mentalidade terapêutica, a preferência pela tecnologia à intimidade. O fato é que essas ideias, difundidas por meio século, dificultaram a vida conectada em comunidade.

O hiperindividualismo não é um problema novo. Ele vai e volta. Alguns anos atrás, li Tribe [“Tribo”, em tradução livre], de Sebastian Junger e me deparei com um fenômeno que me assombra desde então. Nos Estados Unidos do século XVIII, a sociedade colonial e a sociedade nativa norte-americana estavam lado a lado, infelizes. Com o passar do tempo, colonizadores europeus começaram a fugir para viver com os nativos. Nenhum nativo desertou para viver com os colonos. Isso incomodou os europeus, que supunham ter uma civilização superior, mas mesmo assim as pessoas expressavam claramente que preferiam o outro estilo de vida. Por fim, os colonos persuadiram os nativos a viver com eles, ensinaram inglês aos nativos, mas eles voltaram rapidamente para casa. Durante as guerras com os índios, muitos colonos europeus viraram prisioneiros e foram mantidos em tribos indígenas. Eles tiveram muitas oportunidades de fugir e retornar, mas não o fizeram. Quando os europeus chegavam para “resgatá-los”, eles fugiam para a floresta e se escondiam de seus “salvadores”.

A diferença era que as pessoas nas tribos indígenas tinham uma cultura comunal e ligações próximas. Viviam em uma cultura espiritual que via toda a criação como uma unidade única. Os europeus tinham uma cultura individualista e eram mais separáveis. Quando receberam a oportunidade de escolha, muitas pessoas preferiram a comunidade ao individualismo. A história me fez pensar que é possível que toda uma sociedade se coloque em uma situação fundamentalmente desordenada. Sempre há uma tensão entre o eu e a sociedade. Se as coisas estão muito ligadas, então o desejo de se rebelar é forte. Mas temos o problema oposto. Em uma cultura “Sou Livre para Ser Eu Mesmo”, os indivíduos são solitários e têm conexões fracas. A comunidade é atenuada, as ligações são dissolvidas e a solidão se espalha. Essa situação dificulta ser uma pessoa boa — satisfazer os desejos humanos profundos de amor e conexão. É difícil para pessoas de todas as idades, mas é especialmente difícil para jovens adultos. Eles são jogados em um mundo desestruturado e incerto, com poucas autoridades ou seguranças, exceto pelas que se espera que construam sozinhos. Entre outras coisas, fica fenomenalmente difícil se lançar para a vida “É de primordial importância para a vida do ser humano que antes de morrer faça uma grande aventura ou um mergulho no desconhecido. Esse é o tipo de experiência que lhe faz perder algumas máscaras sociais e entrar de cabeça no mundo da natureza e da essência do ser humano, encontrando o equilíbrio e tranquilidade para saber selecionar a quantidade de informações que domina o atual panorama social e saber estabelecer o autocontrole.

    A Montanha é um templo onde costumamos praticar nosso agradecimento por toda nossa vida. É o lugar onde costumamos tomar consciência de nossa existência, de nosso tamanho perante a natureza e não um estádio onde costumamos competir e torcer desesperadamente, como na vida cotidiana de trabalho em nossas grandes cidades. O Homem se torna um ser completo quando aprende a utilizar-se conscientemente de seu corpo físico, mental e espiritual. Quando subimos uma montanha em qualquer lugar mostramos a nós mesmos o quanto podemos ser fortes, o quanto podemos ter disciplina e, principalmente, o quanto podemos realizar coisas que a princípio pareciam impossíveis.